Crise hídrica ganha destaque em seminário

O tema foi assunto do Seminário de Boas Práticas Ambientais, da Câmara de Meio Ambiente

Uma nova edição do Fórum sobre Boas Práticas Ambientais no Setor de Transportes foi realizada na quinta-feira, 9 de abril, pelos integrantes da Câmara de Meio Ambiente (CMA) da Fetransportes, no auditório do Setpes, em Vitória. Neste terceiro evento, os palestrantes convidados foram a Supervisora de Meio Ambiente da Vix Logística, Izameire Pereira Pessanha, o diretor de Infraestrutura da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Robson Monteiro, e a Doutoranda em Geografia e Mestre em Ciências Sociais, Lohaine Jardim Barbosa.

Durante o evento, que reuniu cerca de 60 pessoas, o coordenador da CMA e do Programa Despoluir-ES, João Paulo Lamas, fez o lançamento oficial e a entrega da Cartilha Boas Práticas Ambientais no Setor de Transportes, material que foi desenvolvido pelo grupo da câmara no final do ano passado e que tem como objetivo se tornar fonte de pesquisa e estudo para profissionais do setor.

O seminário foi aberto com a apresentação da Supervisora de Meio Ambiente da Vix, Izameire Pereira Pessanha, que apresentou as boas práticas desenvolvidas pela empresa, uma das maiores do setor de transportes de todo o Brasil. Ela citou, dentre outras, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e Meio Ambiente (Sipatma); os projetos Carona Amiga, cujo foco é de conscientização dos colaboradores para reduzir o número de carros e, consequentemente, de poluição nas ruas; Consumo Consciente, que trabalha metas de redução de água, energia e papel através de boas práticas sugeridas pela equipe; Atitude Sustentável, ação feita durante o ano todo, que recolhe pilhas, baterias, óleo de cozinha e garrafas pet; Coleta Seletiva; Reaproveitamento da Água da Chuva; a participação no Programa Despoluir e no Prêmio QualiAr; e o Inventário de Emissões Atmosféricas que a Vix faz desde 2010.

“E apesar de todas essas ações, temos grandes desafios para este ano, como a crise energética, a crise hídrica e a inflação acima da média. O momento é de repensar atitudes e mudar e cultura. E é para isso que estamos trabalhando. Não há, neste momento, possibilidade de grandes investimentos. Em compensação, podemos trabalhar na melhoria de processos”, disse.

Segundo palestrante do evento, Robson Monteiro falou sobre um dos temas mais factuais no mundo: a crise hídrica. Logo no início da apresentação, ele ressaltou que “a água tem impacto sobre economia e desenvolvimento” e que isso, portanto, exige atenção de toda a população.

Comparando a situação atual com a de janeiro, Monteiro destacou que o cenário é melhor. Afinal, a vazão do rio Santa Maria é de 3.900 litros por segundo e o Jucu,  8.290 litros por segundo. Isso, no entanto, não é motivo para que as pessoas relaxem nas ações de consumo consciente.

“Precisamos manter a vazão dos rios mesmo neste período mais seco, pois a época de chuvas fortes só volta em setembro. Podemos chegar no final de maio com números muito parecidos com os de janeiro, quando a vazão dos rios ficou numa situação crítica. Nossa perspectiva é de um ano ruim”, admite.

Diante desse cenário, o diretor de Infraestrutura da AGERH alerta a população a respeito das ações de contenção que tiveram início em janeiro e que não podem, de maneira alguma, parar!

“No interior do Estado, onde a produção agrícola é bem forte, a noção de água e desperdício é mais latente, até porque se não chove a produção fica comprometida. Mas aqui na Grande Vitória, nosso desafio é, justamente, manter essa agenda”, alertou Robson, que aproveitou a oportunidade e conclamou dirigentes do setor de transportes e logística para se aproximar do Comitê de Bacias Hidrográficas, que ele descreveu como o “parlamento das águas”.

“É importante que representantes do setor comecem a se articular, a exemplo do que já acontece com outras federações, e se apropriem das discussões acerca da institucionalização da discussão da água, pois seus interesses podem ser colocados na mesa”, alertou.

O seminário foi encerrado com a palestra de Lohaine Jardim, que deu um toque mais comportamental à apresentação de Robson Monteiro, “Recursos Hídricos e Desenvolvimento”.

“A crise hídrica não é fato novo e o problema é complexo! Ela é resultado da degradação do meio ambiental em escala global, é resultado do desmatamento na Amazônia e outras formas de degradação ambiental. E é, principalmente, resultado do nosso comportamento em relação ao uso da água! Como mudar isso? Com mudança de comportamento”, dá a dica.

E essa mudança de comportamento a que Lohaine se refere passa por atitudes muito simples, como ela mesma citou: nunca jogar lixo na privada; entregar pneus usados em lojas especializadas para serem reciclados; acumular roupas antes de ligar a máquina de lavar ou o ferro de passar; usar vassoura limpar calçadas e não mangueira; não soltar balões – além de ser crime, a ação pode causar um grande incêndio; preferir sempre produtos de empresas que têm responsabilidade social e ambiental.} else {