Zika: essa luta é de todo o setor de transportes

Secretário de Saúde, Ricardo de Oliveira pede mobilização geral

 

“Estamos vivendo uma tragédia da saúde pública!”. Com essas palavras, o secretário de Estado da Saúde (Sesa), Ricardo de Oliveira, abriu seu encontro com empresários, gestores e trabalhadores do setor de transportes sobre a necessidade de ações em combate ao Aedes aegypti, causador da dengue, da zika e da febre chikungunya. O evento foi realizado na tarde de terça-feira, 16 de fevereiro, no auditório do Setpes, em Vitória, e reuniu uma média de 50 pessoas. O presidente da Fetransportes, Jerson Picoli, acompanhou o bate-papo e reforçou a necessidade de um trabalho constante e em conjunto para minimizar os “estragos” do mosquito. Diretor-presidente da Ceturb-GV, Alex Mariano também compareceu.

O encontro, contudo, não foi uma exclusividade do setor de transportes. Antes mesmo da OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar emergência de saúde pública internacional pela microcefalia e outras anormalidades neurológicas relacionadas ao zika vírus, o Fórum de Entidades e Federações (FEF), entidade capixaba que congrega as federações do Transporte, Indústria, Comércio e Agricultura, além do movimento empresarial Espírito Santo em Ação, já havia acionado o sinal de alerta e solicitou aos representantes destas entidades uma força-tarefa, em parceria com a Sesa, justamente com o objetivo de combater os avanços do mosquito. Daí nasceu o evento do dia 15.

Visivelmente preocupado com o cenário, Oliveira admitiu que há cerca de dois meses a grande maioria da população não tinha ainda consciência da gravidade do problema. E ainda segundo ele, o grande “x” da questão é o fato de que estamos lidando com algo ainda desconhecido, já que nenhuma literatura médica, pelo menos até hoje, fez qualquer relação entre o zika vírus e a microcefalia.

“Estamos enfrentando um inimigo desconhecido, pois ainda não há nenhuma comprovação científica sobre o fato do zika causar microcefalia. Todos esses estudos estão em curso e o que temos, de fato, é uma relação forte entre os dois. Vivemos uma situação inusitada do ponto de vista científico e estamos tendo que correr atrás do prejuízo”.

O secretário garantiu que toda a área de saúde está organizada para minimizar o problema, mas segundo ele é necessário que a população internalize uma rotina de erradicação dos focos do mosquito. E ele diz isso baseado em números: 73% dos focos estão dentro das residências. Em alguns bairros do Estado, esse número chega a 80%. Qual a solução, então? “Matar o mosquito! E só podemos fazer isso juntos!”, respondeu.

Porém, o secretário chamou a atenção para um fato: a dificuldade de mobilizar a sociedade e fazê-la incorporar essa cultura de, pelo menos, uma vez por semana dar uma “geral” em casa e no seu ambiente de trabalho. “Precisamos fazer o Dia D, escolher um dia da semana e um horário, e fazer a checagem. Não tem outro jeito de se proteger, o setor precisa se mobilizar num trabalho de massa. Mesmo diante da seriedade do assunto, muita gente ainda não acredita no poder do mosquito”.

Durante a reunião, Juliana Orlandi, da Unimar, contou que a empresa já está colocando em prática ações de combate aos focos do vetor da dengue, zika e chikungunya. Duas vezes por semana é feita uma vistoria em todos os setores da empresa, principalmente no pátio da garagem. E esse trabalho permitiu a redução de 75% de resíduos no pátio.

No final do encontro, Jerson Picoli garantiu que as empresas do Sistema Fetransportes farão sua parte para conscientizar o setor da importância de se combater o mosquito. “A Fetransportes, os sindicatos e as unidades do Sest Senat estão à disposição do Governo do Estado para massificar a campanha e levar mais informação à população”.