Transcol suspenso, bancos fechados: ES endurece medidas até 4 de abril

O governador do Estado, Renato Casagrande, saiu de uma reunião com a classe empresarial e com o setor produtivo, no início da tarde desta quinta-feira (25), e confirmou restrições mais extremas para combater a pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo.

Veja o pronunciamento!

As regras do decreto estadual publicado na semana passada, que valeriam até o dia 31 de março, serão estendidas até 4 de abril, domingo de Páscoa.

Confira o novo Decreto 4848-R clicando aqui!

Entre as medidas anunciadas pelo governador, está a paralisação total do transporte coletivo durante oito dias. A suspensão começa neste domingo (28) e vai até o domingo seguinte, 4 de abril.

Confira as medidas mais restritivas:

– Novos setores terão que fechar até o dia 4 de abril. São eles: comércio atacadista, lojas de material de construção, casas de autopeças e oficinas, agências bancárias, casas lotéricas e pesca no mar;

– Ônibus municipais e do Transcol não poderão circular entre 28 de março e 4 de abril. O transporte intermunicipal e interestadual, também, ficará suspenso. A Rodoviária de Vitória e de outras cidades do estado serão fechadas e o transporte ferroviário também será paralisado;

– Transcol irá atender apenas aos trabalhadores da rede pública de Saúde;

– Transporte de cargas será mantido;

– Unidades de Saúde continuarão funcionando, assim como a vacinação;

– Trabalhadores da Educação e da Segurança Pública serão imunizados a partir de 15 de abril;

– Bancos não funcionarão. Só atenderão aos beneficiados do auxílio emergencial e demais programas de transferência de renda (seja do Governo Federal, do Estado ou dos municípios).

– Atendimento ambulatorial especializado será suspenso. Mas as unidades de Saúde de atenção e da atenção básica, as UPAs, os Pronto Atendimentos (PAs) e o serviço do Samu continuarão funcionando normalmente.

– Vacinação contra a covid-19 está mantida e será disponibilizada nos municípios.

Confira o que disse o governador:

Dados preocupantes
Boa tarde. Nós estamos hoje numa quinta-feira, no oitavo dia da quarentena. Estamos cumprindo a quarentena que faremos até 31 de março. Avançamos nesses oito dias, mas precisamos reconhecer que nós precisamos avançar mais. É importante que a gente compreenda que os dados que a gente tem devem deixar todos os capixabas preocupados. A partir desses dados, os capixabas devem ficar preocupados e tomar medidas para reduzir a interação e melhorarmos os indicadores que estamos discutindo com vocês todos os dias.
Realidade do Espírito Santo x Outros Estados
Não é uma realidade capixaba. Nós aqui estamos atendendo a todos que demandam um leito, um leito de UTI, de enfermaria. Muitos estados não estão conseguindo atender como conseguiram atender no passado. Muitos perderam a vida esperando um leito de UTI. Aqui no estado do Espírito Santo, estamos atendendo a todo mundo.

Taxa alta de ocupação de leitos de UTI
Por que temos que avançar mais? A taxa de ocupação de leitos desde o dia em que decretamos a quarentena ela está se mantendo acima de 90%. Mesmo com a gente abrindo leitos todos os dias praticamente. Hoje estive, em Colatina, abrindo leitos de enfermaria. Ontem, na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, abrimos leitos de UTI e de enfermaria. Amanhã, estaremos num hospital particular da Serra abrindo mais leitos de enfermaria. Mesmo abrindo leitos todos os dias, a taxa de ocupação de leitos de UTI permanece acima dos 90%. Essa é uma razão que exige que a gente possa avançar mais.

Mais pacientes em UTI
No dia 1 de março, nós tínhamos 724 leitos de UTI à disposição da sociedade capixaba. E nós tínhamos 525 pacientes internados em leitos de UTI. Leitos exclusivos para tratamento de covid. Ontem, dia 24 de março, nós já tínhamos 819 leitos de UTI exclusivo, praticamente 100 leitos a mais. Em 24 dias nós abrimos quase 100 leitos a mais de UTI. Mas, nós saímos de 525 pacientes internados em UTI para 750 pacientes internados em UTI. Então, nós crescemos 225 pacientes a mais atendidos em UTI, gerenciados pelo Estado. Não estou tratando aqui do serviço privado que está numa situação, também, de trabalho no limite.

Sistema no limite
Abrimos quase 100 leitos a mais nesses 24 dias e tivemos um acréscimo no nosso sistema de 225 pacientes. Isso mostra a nossa preocupação. Eu tenho dito que estamos conseguindo estar um passo à frente da doença, mas ela está alcançando nosso calcanhar. Se nesse ritmo a gente continuar, daqui a pouquinho poderemos não ter leito para todas as pessoas.

Mais leitos
Vamos abrir, até o fim de abril, mais de 400 leitos, de UTI e de enfermaria. Nós já abrimos um conjunto onde tínhamos 1.636 leitos de UTI e de enfermaria para covid. Ontem, 24 de março, nós tínhamos 1.636 leitos (819 de UTI e 817 de enfermaria). Vamos abrir mais 400. Chegaremos a mais de 2 mil leitos de UTI e enfermaria para tratamento de covid no Estado. É o maior volume quantitativo de leitos que a gente tem em proporção per capita no Brasil. Passaremos de 2 mil leitos.

Situação dos municípios
Outra razão que exige nossa preocupação e tomando decisões que sejam importantes neste momento é que as unidades de atendimento nos municípios estão no limite. Basta conversar com o secretário municipal de Saúde e com o prefeito da sua cidade, você vai verificar que essas unidades estão no limite. Sempre com leitos de estabilização praticamente todos ocupados. A pressão sobre o sistema de saúde é muito forte.

Média móvel de mortes
Outra razão é que o número de óbitos e a média móvel dos últimos 14 dias são crescentes. Lá atrás, na primeira fase, chegamos a 38 óbitos em média por 14 dias. Agora, na segunda fase, em dezembro, chegamos a 28 mortes. E nós já estamos em 31! A média de óbitos nos últimos 14 dias é de 31. Fomos a 38, depois 28 e vocês estão vendo nos últimos dias que nós estamos batendo recorde de registro de pessoas que estão perdendo a vida infelizmente. Ontem, foram 72, anteontem 57, há três dias foram 53, então, a gente fica torcendo para que este número possa reduzir. Mas, estamos vendo que, nesta fase, o óbito está crescente, atingindo pessoas de todas as idades, sobretudo jovens e pessoas abaixo dos 60 anos. A nova variante está mais agressiva e é preciso que a gente possa compreender a necessidade da gente avançar mais.

Casos ativos
A outra razão é o número de casos ativos. Quem acompanha pelas redes sociais ou pelo nosso Painel Covid está vendo que está crescendo o número de ativos comparado com o número de pessoas curadas. Essa são as razões que exigem que a gente tome novas medidas.

Quarentena até 4 de abril
Estamos estendendo a quarentena que terminaria no dia 31 de março para o domingo de Páscoa, em 4 de abril. Assim, a quarentena que iria até 31 de março está estendida até 4 de abril. Os efeitos do decreto, que será modificado pelas novas medidas (sendo publicado amanhã), irão se estender até o dia 4 de abril.

Retorno da matriz de risco em 5 de abril
A partir de 5 de abril, uma segunda-feira, a gente volta à nossa gestão para matriz de risco, classificando os municípios em risco baixo, alto, moderado, extremo. Lógico, se a ocupação de leitos ficar acima de 90%, nenhum município ficará em risco baixo. Todos ficarão ou em risco alto ou em risco extremo ou em risco moderado. Nós voltaremos à gestão da matriz de risco a partir de 5 de abril, numa segunda-feira.

O que fecha a partir de domingo, 28 de março
Vamos retirar a partir de domingo, dia 28 de março, algumas atividades consideradas essenciais. Elas, a partir deste dia, não serão mais consideradas essenciais. Exemplo: comércio atacadista, lojas de material de construção, casas de autopeças e reparação de veículos, oficinas de reparação de veículos, agências bancárias.

Agências bancárias, lotéricas, atividade pesqueira
Bancos serão fechados com exceção para atendimento a pessoas que serão beneficiadas com auxílio emergencial (seja do Governo Federal, do Estado ou dos governos municipais). Casas lotéricas e pesca no mar não serão consideradas atividades essenciais. Não poderão funcionar na semana que vem.

Transcol e transporte coletivo de pessoas suspenso
Suspensão do transporte coletivo público, que vai de 28 de março até 4 de abril, de domingo a domingo. Durante oito dias estamos suspendendo transporte coletivo municipal. Todos os municípios que oferecem transporte, estamos determinando a suspensão deste transporte. Estamos suspendendo transporte metropolitano. Transcol está suspenso de domingo, 28 de março, até o domingo de Páscoa, 4 de abril. Oito dias sem Transcol na região metropolitana. Estamos suspendendo o transporte intermunicipal, de domingo a domingo. Estamos suspendendo o transporte interestadual, também de domingo a domingo. Assim, a rodoviária vai ser fechada. Estamos suspendendo o transporte ferroviário. A suspensão é para o transporte de pessoas. O transporte coletivo público de pessoas está suspenso. O transporte de cargas continua normalmente.

Transporte de trabalhadores de serviços essenciais
O Governo do Estado organizará com os ônibus do Transcol o nosso atendimento aos hospitais do Estado. Hospitais privados terão que se organizar para transportar seus trabalhadores. As empresas que funcionarão como serviço essencial (caso de supermercados, farmácias, postos de gasolina) também organizarão, a partir de domingo (28 de março), transporte de seus trabalhadores. Cada atividade se organizará para transportar os seus servidores e funcionários para que a gente possa reduzir a aglomeração no transporte público.

Atendimento ambulatorial especializado suspenso
Estamos suspendendo o atendimento ambulatorial especializado. Normalmente, vai continuar o atendimento nas unidades de saúde da atenção primária e da atenção básica e também a vacinação. A vacinação não vai parar, naturalmente, porque a vacina é o grande arma que a gente tem para o enfrentamento ao vírus. Lógico que continuará funcionando o serviço de urgência e emergência como as UPAs, os PAs e o Samu. E esse sistema também já está sobrecarregado.

Vacina para profissionais da Educação e segurança pública
A partir de 15 de abril, com a reserva técnica dos lotes de vacinas (aqueles 5% que temos de reserva técnica), que chegarão a partir desta data, nós passaremos a vacinar profissionais da segurança pública e profissionais da Educação. Começando sempre dos de mais idade para aqueles de menos idade.

Variantes mais agressivas
Estamos buscando nesse tempo de quarentena (eram 14 dias, mais 4 dias e chega a 18 dias), com essas medidas que restringem um pouco mais as atividades nessa última semana, nesses últimos dias, estamos buscando efetivamente uma redução da transmissão do vírus. Vocês sabem porque isso é importante. Estou falando isso todos os dias aqui. É importante reduzir a transmissão do vírus porque as novas variantes são muito agressivas. Elas chegaram em algumas cidades, em algumas regiões, estão em diversos Estados. São variantes importadas, de outros países, elas são mais agressivas para todos nós, independente da idade, mas especialmente para a juventude. Elas, de fato, exigem uma internação de mais tempo, levam mais pessoas a óbito.

Efeitos da diminuição de circulação de pessoas
Estamos nessa situação e precisamos reduzir a transmissão do vírus. Na hora em que reduzimos a transmissão do vírus pela redução da interação, nós também passamos a ter menos acidentes. Passamos a ter menos doenças de época, desse período, por exemplo, doenças respiratórias. Só alivia leito para a gente atender covid, se você também não tem uma pessoa traumatizada por um acidente e não ocupa um leito de hospital também reserva leito para atendimento de covid. Nós precisamos reduzir a transmissão do vírus por causa disso.

Economia
Sabemos que é preciso conciliar as atividades econômicas com a preservação da vida. A prioridade é a preservação da vida. Mas estamos sempre buscando fazer uma conciliação porque as pessoas precisam ter as suas atividades econômicas para que possam se sustentar e sustentar a sua família. Numa hora como essa em que a gente está perdendo mais de 3 mil pessoas por dia no Brasil, numa hora como essa em que a vacina não chega na quantidade que a gente precisava que estivesse chegando, numa hora como essa em que a gente, aqui no Espírito Santo, está perdendo mais de 30 pessoas por dia, numa hora como essa, nós não temos que ter dúvida: tomar as medidas adequadas como governador, como governante, amparado por diversas outras instituições públicas do Estado, amparados por instituições importantes do Estado, mas, especialmente, amparado por você. Que está acompanhando, que está preocupado e que está colaborando neste momento.

Apelo a quem nega a gravidade da doença
Quem ainda não compreendeu a importância deste momento, o que significa o que a gente está vivendo neste momento, é importante que possa sentar com sua família e faça uma reflexão. O que é mais importante neste momento? É bom que a gente tenha as condições para dar dignidade às pessoas. As pessoas precisam ter um atendimento adequado. Imagine como é indigno chegar numa hora em que precisar de um leito de UTI e de enfermaria e não encontrar esse leito, perder a vida de um ente querido e de uma pessoa amiga na porta de um hospital sentado em uma cadeira! Isso é o que as pessoas estão passando pelo Brasil. Eu não quero isso para nenhum brasileiro, para nenhuma pessoa do mundo, mas não quero isso para nenhum capixaba.

Mudança de atitude
Então, é bom que a gente compreenda o que a gente está vivendo nesse momento e é uma tarefa que exige do governador postura. Exige do prefeito, do vereador, dos demais poderes constituídos desse país, mas exige muito de cada um de nós. Essa doença exige que cada um de nós seja um soldado, alinhados na trincheira para poder defender a vida de todos. Isso é o que pedimos nesse momento. Atitudes que muitas vezes não têm a compreensão de todos mas eu tenho certeza de que elas têm a compreensão da maioria.

Desejo de mais empatia
Queremos chegar ao final desse processo com as pessoas imunizadas, vacinadas, e com essa chegada das vacinas a gente possa ter a liberdade que estamos procurando há mais de um ano. Essa liberdade exige que tenhamos disciplina. Ninguém tem liberdade sem sacrifício. Para ter liberdade tem que ter sacrifício, disciplina e comprometimento, responsabilidade. Principalmente empatia. Se preocupar com a gente mas se preocupar com outras pessoas. Essa é a razão das medidas que estamos tomando e a razão para eu vir até vocês e pedir a colaboração para salvar a vida dos capixabas.

Fonte: Folha Vitória