Investimento é quatro vezes inferior ao sugerido pelo Dnit
Os investimentos públicos federais nas 15 piores ligações rodoviárias do Brasil foram quatro vezes inferiores aos recursos sugeridos pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) entre 2004 e 2017. Os dados constam do estudo Rodovias Esquecidas do Brasil – Transporte Rodoviário, divulgado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), na quarta-feira, 28 de março, e têm como base os resultados da série histórica da Pesquisa CNT de Rodovias no período. Dentre as 15 ligações listadas pelo estudo, uma dela está no Espírito Santo – trata-se da BR 259 (Governador Valadares-João Neiva).
Para promover uma manutenção rodoviária simples, o Dnit estima que são necessários, em média, R$ 308 mil por quilômetro. Entretanto foram investidos somente R$ 66,5 mil por quilômetro por ano para a realização de todos os tipos de intervenções nas rodovias que compõem as ligações selecionadas durante o período analisado. Ligação rodoviária é um trecho formado por uma ou mais rodovias, com grande importância para o transporte de cargas e de passageiros.
O estudo da CNT aponta que o investimento total do governo federal identificado nessas ligações foi de R$ 5,7 bilhões nos 14 anos avaliados. O valor representa somente 5,9% do destinado para todas as rodovias federais no mesmo período.
A análise por tipo de intervenção do Orçamento Geral da União também mostra que as obras de manutenção e recuperação das rodovias consumiram o maior montante do valor destinado às ligações entre 2004 e 2017: 67,9%. As ações de adequação participaram com um percentual de 28,5%, enquanto as construções de contornos rodoviários e de obras de arte (pontes e viadutos) ficaram com a menor parcela, 3,6%.
Falta de transparência
A forma como as ações orçamentárias passaram a ser cadastradas no Orçamento Geral da União, a partir de 2012, dificultaram a análise de dados de investimentos rodoviários no Brasil. Antes desse período, os recursos eram alocados por rodovia. Contudo o governo passou a registrar os montantes por Estado, procedimento que permite maior flexibilidade para a execução dos investimentos em infraestrutura rodoviária, porém não permite verificar em quais rodovias eles foram aplicados.
Conforme o estudo, é possível que alguns trechos das rodovias que compõem as ligações tenham recebido mais investimentos, mas, como eles não estão discriminados no orçamento, não é possível precisar o valor exato do recurso recebido.
“Independentemente da destinação por rodovia ou Estado, percebemos que os aportes para as 15 piores ligações rodoviárias foram muito inferiores às necessidades das vias. Considerando que elas passam por pontos estratégicos do país, é mais que necessário que o governo aumente a destinação de recursos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento nacional e o do setor transportador”, avalia o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
As rodovias esquecidas pelo País
1.Açailândia (MA) – Miranda do Norte (MA)
- Araguaína (TO) – Picos (PI)
- Barracão (PR) – Cascavel (PR)
- Dourados (MS) – Cascavel (PR)
- Florianópolis (SC) – Lages (SC)
- Governador Valadares (MG) – João Neiva (ES);
- Jataí (GO) – Piranhas (GO)
- Maceió (AL) – Salgueiro (PE)
- Manaus (AM) – Boa Vista (RR) – Pacaraima (RR)
- Marabá (PA) – Dom Eliseu (PA)
- Marabá (PA) – Wanderlândia (TO)
- Poços de Caldas (MG) – Lorena (SP)
- Porto Velho (RO) – Rio Branco (AC)
- Rio Brilhante (MS) – Porto Murtinho (MS)
- Salvador (BA) – Paulo Afonso (BA).
Fonte: Agência CNT de Notícias