Debate da reforma trabalhista vai começar

O relatório deve ser votado até julho deste ano

Nesta terça-feira, 14 de fevereiro, a comissão especial formada na Câmara dos Deputados para analisar a reforma trabalhista começará as atividades, com a proposição de um cronograma para ouvir centrais sindicais, associações e trabalhadores.

A proposta encaminhada pelo governo (PL 6787/16) prevê, entre outras modificações, a validade do negociado sobre o legislado em relação a alguns pontos, como parcelamento de férias, participação nos lucros da empresa e cumprimento da jornada limitada a 220 horas. A expectativa é que essa seja uma das mudanças que reduza a quantidade de ações na Justiça do Trabalho.

Conforme o presidente da CNT (Confederação Nacional do Trabalho), Clésio Andrade, a legislação trabalhista precisa ser modernizada em diversos aspectos. “É uma necessidade que o país tem. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é da década de 1940 e está extremamente superada. Há diversos aspectos que precisam ser corrigidos, a questão da terceirização da atividade-fim, a forma como está sendo abordado o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho, que acaba prejudicando quem emprega milhares de trabalhadores. Então, é preciso renovar”, diz.

A previsão é que o relatório sobre a reforma seja votado na comissão especial até julho deste ano.

Ainda na terça-feira começam os trabalhos da comissão especial formada para analisar a reforma da previdência, também com a definição do calendário de atividades e de audiências públicas.

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As convenções e acordos coletivos de trabalho poderão prevalecer sobre o que determina a antiga legislação trabalhista brasileira, editada e transformada em lei na década de 1940. É o que determina a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300/16, do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), em tramitação na Câmara dos Deputados.

Atualmente, a Constituição garante a realização de convenções e acordos coletivos, que não acabam por não se sustentar se for de encontro à legislação. O objetivo da mudança, segundo o deputado, é modernizar as relações de trabalho.

“O protecionismo exagerado da legislação laboral brasileira é um óbice ao dinamismo da atividade econômica”, afirmou o deputado. Lopes defende que haja redução do que chamou de “intervencionismo e protecionismo exacerbados do Estado”, fazendo prevalecer o negociado sobre o legislado nas relações de trabalho.

Aviso prévio e jornada

O texto apresentado pelo deputado propõe ainda modificações na Constituição de 1988. A PEC determina que o aviso prévio será de 30 dias. Hoje, ele é proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias.

 

O deputado diz que o modelo atual, em que o aviso prévio pode chegar a 90 dias, “acarreta a incidência de mais um ônus para o empregador”.

Jornada de 10 horas

Lopes também propõe jornada de trabalho de até 10 horas diárias, contra a limitação das oito horas diárias atuais. Mas o projeto mantém a jornada semanal máxima de 44 horas.

Redução de prazos

Por fim, a PEC 300 reduz de dois anos para três meses o prazo para que o trabalhador ingresse com ação trabalhista. E de cinco anos para dois anos o prazo de prescrição, ou seja, do direito do trabalhador ajuizar a ação contra o empregador.

Conciliação

Além disso, antes de entrar com o processo na Justiça do Trabalho, o trabalhador terá que tentar resolver a disputa por meio de uma comissão de conciliação, que será regulamentada em lei. O objetivo, segundo Lopes, é diminuir o excesso de ações que tramitam na Justiça. No Brasil são mais de 3 milhões de ações trabalhistas todos os anos.

“As comissões são órgãos simples que não necessitam de grande infraestrutura e podem solucionar os litígios individuais trabalhistas no ambiente mais próximo possível daquele em que ocorreu a prestação de serviços”, alega.

Tramitação

A PEC 300/16 será analisada inicialmente pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Se a admissibilidade for aprovada, será criada uma comissão especial para analisar o teor da proposta, que depois será votada em dois turnos pelo Plenário. (Com informações da agência Câmara)

Fonte: Diário do Poder, Agência Câmara e Fetranscarga