Coronavírus: setor de transporte entra em colapso

Por Jerson Picoli, presidente da Fetransportes e Setpes

A crise gerada pelo novo coronavírus (COVID-19) provocou uma redução drástica no uso do transporte em geral e principalmente no transporte público. Os ônibus estão transportando durante a semana menos indivíduos do que costuma transportar aos domingos. O que está provocando baixa arrecadação e causando colapso ao setor de transporte.

As empresas hoje estão operando com a redução de mais de 80% dos passageiros em média desde o início das medidas de isolamento social.

O alerta de colapso foi feito pela Associação Nacional de Empresas de Transporte Urbanos (NTU). Junto à NTU, o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) encaminharam ao Ministério da Economia a proposta da criação do Programa Transporte Social, pedindo um aporte mensal de R$ 2,5 bilhões para pagamento de folha e compra de combustível até que a crise acabe.

As empresas de transporte público coletivo urbano correm o risco de paralisar suas atividades em todo o país, por falta de recursos para a folha de pagamento dos colaboradores em função da crise causada pelo coronavírus.
O setor não vai tomar a decisão de parar. Temos responsabilidade social e sabemos da relevância desse serviço essencial. Estamos transportando durante a pandemia os responsáveis por serviços essenciais, como médicos, enfermeiros, comerciantes, e tantas outras pessoas que necessitam do transporte.

Além disso, aumentamos a higienização dos ônibus, retiramos todos os motoristas e cobradores do grupo de risco. Estamos orientando nossos colaboradores e a população para o uso ainda mais responsável do transporte coletivo nesse momento de pandemia, com higienização das mãos, não realizar o pagamento com o uso de cédulas, circular com as janelas dos ônibus abertas, e para quem estiver com sintomas de gripe não sair de casa e não usar o transporte coletivo.

Mas precisamos que os órgãos públicos nos ajudem a manter as atividades do setor, com o aumento da disponibilização de recursos. Entendemos que o transporte público não pode parar e mesmo com a baixa arrecadação seguimos oferecendo nosso serviço.

Mas infelizmente, na maior parte do Brasil, as empresas não conseguem mais bancar os custos da atividade. Dados da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos (NTU) apontam que 184 cidades já foram obrigadas a suspender o serviço por decisão do poder público.

Nesse momento, é preciso que o governo entenda que sem o transporte coletivo urbano, que é um direito social e um serviço de natureza essencial, os profissionais das áreas que não podem paralisar as atividades, especialmente nesse momento de pandemia, não terão acesso ao trabalho, assim como pessoas que precisam sair de casa para comprar comida, fazer tratamento de saúde e até mesmo para se vacinar contra a gripe.

A Associação enviou ofício ao Ministro da Economia, pleiteando apoio financeiro emergencial e alertando sobre a urgência dessa ação para evitar o colapso do setor. O setor também solicita a suspensão, por seis meses, da cobrança de tributos federais que incidem sobre as empresas, tais como encargos sociais sobre o faturamento e PIS/COFINS sobre o óleo diesel; renegociação das linhas de financiamento usadas para renovação de frotas; e a possibilidade de suspensão temporária dos contratos de trabalho em caso de paralisação total ou parcial dos serviços.